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A vida, um paradoxo

  • Foto do escritor: Jornal Poiésis
    Jornal Poiésis
  • 24 de ago. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 5 de out. de 2020



Flávia Joss


A janela do carro enquadrava a paisagem da Costa Verde, rumo ao litoral sul do Rio de Janeiro, era noite, mas as estrelas anunciavam que o dia seguinte seria repleto de beleza e cor. O celular vibrou entornando em meus ouvidos uma mensagem que falava da passagem de um ente querido. Fez-se silêncio dentro do carro, fez-se silêncio dentro de mim. Ouvi o soar dos versos de Manuel Bandeira “Quando a indesejada das gentes chegar (Não sei se dura ou caroável”)...


Se alguém chega, outro alguém vai embora. A dança das cadeiras, correr-sentar-sobrar-sair. É a euforia da conquista contra a frustração de não conseguir.


Eu me sentia a personificação do paradoxo... acordar ao som de passarinhos, sentindo o cheiro da natureza, envolvida pelos braços do sol... Na alma, uma canção fúnebre tocava baixinho sob espessas nuvens. Queria postar fotos lindas com legendas. Queria ficar quieta chorando com os que choram. Me rendi à quietude da espera. As coisas passam como a sombra, se dissolvem como vapor.


A vida oscila na dança entre espinhos e flores, amar e sofrer, beleza e fealdade, esperança e desespero. O riso que encanta e o choro que humaniza entram na mesma ciranda.


Na dialética da caminhada “Não há mal que nunca se acabe nem bem que dure para sempre”. Vozes do tempo e da sabedoria popular costurando as vestes das contradições dos dias.


(17 de agosto de 2020)


Flávia Joss é Professora de Língua Portuguesa e Literatura, especialista em Gêneros textuais e Interação. Possui cursos de aperfeiçoamento nas áreas de Arte& Espiritualidade, Escrita Criativa e Poesia Falada.

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