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CORPO

  • jornalpoiesis
  • 14 de nov. de 2021
  • 1 min de leitura


Camilo Mota

O corpo do poema fragmenta: exausto rosto, boca e olhos secos. Criou distância de si, fugiu entre vírgulas : silêncio. E se moveu num grito que lhe rasgou a pele: escamas, escaras, pelos caídos no box do banheiro. O poema se esvai no ralo. Entre baratas, esgotos e restos se restitui à origem, ao lodo original das palavras. Restou uma lembrança, um cheiro de sabonete usado, fragrância de ter (s)ido. Um corpoema sórdido, redescoberto, redesenhado, subindo no ar dos valões: uma garça de asas abertas voa reunindo as margens do rio.


Camilo Mota é psicanalista, poeta e escritor, editor do Jornal Poiésis e membro da Academia Araruamense de Letras (www.camilomota.com.br)

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