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Benécias ou benesses?

  • Foto do escritor: Jornal Poiésis
    Jornal Poiésis
  • 27 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura


Matheus Fernando*


Eu defendo veementemente que o certo a se escrever é benécias. Estava inclusive achando estranho o fato do corretor do Word nunca ter me corrigido ou oferecido outras possibilidades. Logo percebi que seu dicionário eletrônico estava desatualizado, um pouco mais que o meu no caso.


Cheguei a essa conclusão logo após ter enviado uma crônica para o Jornal Poiésis visando a publicação na minha então coluna semanal “Ressaca Literária” e o Camilo - editor do jornal - ter me corrigido, informando-me que não se escreve “benécias” e sim, “benesses.”


Bom, que bom que o dicionário dele estava atualizado se não a crônica subiria para o jornal com a palavra escrita errada. Todavia, eu lá tenho culpa se primeiramente aprendemos tudo por associação? Negativo.


Sempre que escutei tal palavra a mesma me fora passada assim, benécias! É claro, o fato de eu tê-la associado desde o início de nossa relação da maneira como se fala (que também me foi apresentada na própria pronúncia de forma errada) não me exime da responsabilidade de escrevê-la gramaticalmente da forma correta.


Só que agora eu também já tenho um apego emocional com a queridinha “benécias.” Vou citá-la e escrevê-la da forma correta? Com toda certeza, sobretudo publicamente! No entanto, vou me valer do que os meus amigos literatos chamam de estilo literário. Se formos levar ao pé da letra sobre o estilo, veremos que o mesmo não se aplica muito bem assim. Mas e daí?


Posso muito bem transformar a queridinha “benécias” num personagem para meus romances, numa atriz para um roteiro de cinema ou até mesmo num heterônimo para ser a personagem principal para uma daquelas histórias em saga estilo o que a J. K. Rolling fez ao dar vida ao famosinho Harry Potter.


Não vou largar minha relação com a querida benécias porque alguém decidiu que ela deveria se comportar, ser pronunciada e escrita de uma maneira específica. Intimidade é uma via de mão única e eu já me apeguei emocionalmente. Para os que são de fora, vos apresento: Benesses. Para os mais íntimos, benécias, com todo respeito, claro. E tenho dito!


*Matheus Fernando é aluno de graduação em Psicologia na Universidade Federal Fluminense. É escritor que transita entre gêneros literários como poesia, crônica, conto, peça, ensaio e artigo. matheusfernando.contato@gmail.com

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