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ARQUEOLOGIA

  • jornalpoiesis
  • 1 de ago. de 2021
  • 1 min de leitura


Reynaldo Valinho Alvarez


Procuras e não sabes o que buscas.

Vais ao léu, vais à toa, vais sem rumo,

como envolto por nuvens ou por fumo,

em tardes pálidas de cores fuscas.


Arqueólogo louco de mãos bruscas,

quebras, tosco, sem jeito, em desaprumo,

tudo que tocas, num veraz resumo

de quanto brilha e, em teu mau jeito, ofuscas.


Mãos trêmulas, tropeços, desencantos,

um acervo de traumas e de espantos,

eis a escória encontrada na pesquisa.


Não há valor aí, há desaponto

e o que te resta é um lendário conto

de origem contestável e imprecisa.


Reynaldo Valinho Alvarez (1931-2021) foi um dos maiores poetas da literatura brasileira contemporânea, além de uma vasta produção em literatura infantil, contos e ensaios. O poema acima faz parte de sua obra “Trívio” (2017)

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