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ainda sem vagas

  • jornalpoiesis
  • 5 de abr. de 2022
  • 1 min de leitura


Marcelo J Fernandes


meu poema

não paga esses boletos

urgentes e iníquos

que acossam prazos


e nem quita o consignado

que esgorja viúvas

entre terços e drágeas


meu poema

não retém o barranco

ou a água que afia

seus vis punhais de argila


nem restitui a falta

súbita e funda

dos náufragos sem nau,

tragados por demãos de descaso.


meu poema

não oxigena

as mechas da moça que flana

lépida, com a bolsa

da mesma cor

na rua com nome de data


a propósito

nem quita a enfiteuse

não prende o prevaricador

nem a atenção

o poema quase não serve

não paga

não mede:


o poema, Ribamar,

não cheira, nem fede.


Marcelo J. Fernandes é poeta, doutor em Literatura, membro da Academia Petropolitana de Letras.

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